Voltando-se para nossa Mãe Maria
Maio de 2022

Intenção mensal 

“Assim como [Maria] chorou com o coração trespassado a morte de Jesus, assim também agora Se compadece do sofrimento dos pobres crucificados e das criaturas deste mundo exterminadas pelo poder humano.” (LS 241)

As Nações Unidas divulgaram recentemente um relatório confirmando que nossa irmã Mãe Terra continua sofrendo e que nós, humanos, somos a principal causa da emergência climática e da crise ecológica. A guerra na Ucrânia continua agravando este contexto de crise dupla, enquanto muitas comunidades do mundo inteiro ainda sofrem com a pandemia da COVID-19, que empurrou milhões de famílias para a pobreza extrema. Os gritos da Terra e dos pobres estão se tornando cada vez mais altos a cada dia, e a mensagem é clara: o tempo está se esgotando!

O mês de maio é dedicado a homenagear Maria, nossa Mãe. Em meio à destruição e sofrimento, vamos todos recorrer à nossa Mãe amorosa, para dela receber conforto e coragem ao realizar nosso trabalho de cuidar da criação. Oremos para que por meio de Maria, a discípula perfeita, atendamos ao chamado para salvaguardar a criação de Deus e apoiar nossos irmãos e irmãs pobres, que foram todos redimidos por seu filho, Jesus Cristo, e sua morte e ressurreição. Por sua intercessão, que nunca percamos a esperança e que todos os nossos esforços contribuam para a restauração da nossa casa comum.

Ó Virgem Maria, toda a natureza é abençoada por ti

Por Santo Anselmo de Cantuária

Bendita Senhora, que o céu e as estrelas, a Terra e os rios, o dia e a noite – tudo o que está sujeito ao poder ou uso dos seres humanos – se regozijem, pois através de ti estão, em certo sentido, restaurados à sua beleza perdida e são dotados de uma nova graça inexprimível.

Todas as criaturas estavam mortas, por assim dizer, inúteis para as pessoas ou para o louvor de Deus, que as fez. O mundo, contrário ao seu verdadeiro destino, foi corrompido e maculado pelos atos de pessoas que serviam aos ídolos.

Agora toda a criação foi restaurada à vida e se regozija por ser controlada e tornada esplendorosa por pessoas que acreditam em Deus. O universo se regozija com uma nova e indefinível beleza. Não só sente a presença invisível do próprio Deus, seu Criador, mas vê Deus abertamente, trabalhando e santificando-o. Essas grandes bênçãos brotam do fruto abençoado do ventre de Maria.

Pela plenitude da graça que foi dada por ti, as coisas mortas se alegram em sua liberdade, e os que estão no céu se alegram por serem renovados. Por meio do Filho, que foi o fruto glorioso de teu ventre virgem, as almas justas que morreram antes de Sua morte vivificante se alegram ao ser libertadas do cativeiro, e os anjos se alegram com a restauração de seu domínio destruído.

Ó Senhora, cheia e transbordante de graça, toda a criação recebe nova vida de tua abundância. Ó Virgem, abençoada acima de todas as criaturas, por tua bênção toda a criação é abençoada: não só a criação abençoada por seu Criador, mas o próprio Criador abençoado pela criação.

A Maria, Deus deu seu Filho unigênito. Por meio de Maria, Deus se fez Filho, não diferente, mas o mesmo, por natureza, Filho de Deus e Filho de Maria. Todo o universo foi criado por Deus, e Deus nasceu de Maria. Deus criou todas as coisas, e Maria deu à luz Deus. O Deus que fez todas as coisas deu a Si mesmo uma forma através de Maria, e assim se fez sua própria criação. Deus, que pode criar todas as coisas do nada, não quis refazer sua criação arruinada sem Maria.

Deus, então, é o Pai do mundo criado, e Maria a mãe do mundo recriado. Deus é o Pai por quem todas as coisas foram vivificadas, e Maria a mãe por quem todas as coisas receberam nova vida. Porque Deus gerou o Filho, por meio de quem todas as coisas foram feitas, e Maria o deu à luz como Salvador do mundo. Sem o Filho de Deus, nada poderia existir; sem o Filho de Maria, nada poderia ser redimido.

Verdadeiramente, o Senhor é convosco, a quem o Senhor concedeu que toda a natureza devesse tanto a ti quanto a si mesmo.

Trechos traduzidos para o português a partir da versão inglesa de A Liturgia das Horas (Quatro Volumes) © 1974, Comissão Internacional de Inglês na Liturgy Corporation. Todos os direitos reservados.

Com Maria, somos chamados a ser a Jerusalém deste tempo

“Assim como [Maria] chorou com o coração trespassado a morte de Jesus, assim também agora Se compadece do sofrimento dos pobres crucificados e das criaturas deste mundo exterminadas pelo poder humano.” (LS 241)

“Assim é que está escrito, e assim era necessário que Cristo padecesse, mas que ressurgisse dos mortos ao terceiro dia. E que em seu nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém.” (Lucas 24, 46-47).

Por Ir. Amelia Hendani, SGM (Comunidade das Irmãs da Terra)
Movimento Laudato Si’ – Indonésia

Ir. Amelia Hendani, SGM

Já se passaram sete anos desde o lançamento da encíclica Laudato Si’. Apesar da resposta positiva de todas as partes do mundo ao apelo do Papa Francisco por uma conversão ecológica, ainda há muitos que não foram tocados ou não acordaram para a realidade catastrófica do nosso planeta. Consequentemente, nossas ações e decisões continuam destruindo a nossa irmã Mãe Terra num ritmo sem precedentes.

Neste momento crucial no tempo, testemunhamos a Paixão de Cristo onde quer que voltemos nossos olhos. Ela está sendo reencenada por espécies em risco de extinção, em terras sendo despojadas de solo fértil e desmatadas, e em oceanos excessivamente explorados e exauridos.

Sentimos isso no caos que se segue depois que as comunidades sofrem o impacto dos desastres climáticos que estão aumentando em frequência, intensidade e magnitude, e se tornando cada vez mais imprevisíveis. Vemos o sofrimento de Cristo nos rostos das pessoas em países devastados pela guerra quando são condenadas à morte, impotentes; em pessoas morrendo de fome e forçadas à escravidão moderna para satisfazer nossos desejos e necessidades insaciáveis.  

O Evangelho segundo Lucas diz: “Assim é que está escrito, e assim era necessário que Cristo padecesse, mas que ressurgisse dos mortos ao terceiro dia. E que em seu nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém” (24,  46-47).

O Evangelho pede que sejamos a “Jerusalém do nosso tempo”, um lugar onde começa o verdadeiro arrependimento. Nesta nova Jerusalém, reconhecemos humildemente nossos fracassos e transgressões contra a criação de Deus. Pregamos ao mundo a importância de mudar nossas formas de estar uns com os outros e com todas as formas de criação que compartilham nossa casa.

Nesta nova Jerusalém, damos vida à mensagem de São Francisco ao não tratar a criação como mero objeto, mas vendo em cada ser o rosto de nosso Criador e chamando todos os membros da criação de Deus de irmãs e irmãos.

Assim como a carta encíclica Laudato Si’ do Papa Francisco nos ensinou a olhar para nossa realidade atual sob uma luz totalmente diferente daquela sob a qual costumávamos olhar, agora abrimos nossos corações para reconhecer a dignidade e a existência de toda a criação, em vez de vê-la só pelos benefícios que tiramos dela.

O mês de maio é especialmente dedicado a Maria, nossa Mãe, cujo cuidado maternal nos ensina a confiar. Em seu abraço, deixamos nossos corações chorarem pelas criaturas que deixaram de existir e por nossos irmãos e irmãs que sofrem. Pedimos a ela que nos acompanhe em nosso caminho e nos ajude a permanecer fiéis em nossa missão de cuidar da criação. Através do seu amor, somos fortalecidos na esperança de que também nós, como Jesus, ressuscitaremos dos mortos.

Mas somente quando abrirmos nossos corações, formos compassivos com nossos irmãos e irmãs sofredores e com toda a criação, e tomarmos medidas significativas para mudar nossos caminhos e deixar de explorar nossa irmã Mãe Terra, só então ressuscitaremos.

Desmatamento na Ásia

Ouvindo o grito da criação 

Paisagem em Kalimantan Oriental, Indonésia. Foto de Moses Ceaser/CIFOR.

A Ásia é conhecida por suas florestas tropicais e por ter a mais rica biodiversidade do mundo. A região também tem a maior taxa de desmatamento, que tem sido considerada uma praga moderna no Sudeste Asiático. As atividades humanas, que incluem o corte de florestas, aqueceram o planeta, contribuindo para a crise climática.

Toda a beleza da criação

Ouvindo a canção da criação 

Parque Nacional Taman Negara, Península da Malásia, Malásia. Também conhecido como Colugo. Foto de David Cook.

O lêmure voador Sunda é um pequeno mamífero noturno peludo que vive nas selvas mais remotas do Sudeste Asiático. Ele é apenas um dos muitos animais singulares encontrados nas florestas da Ásia.

Abraçando minha missão de cuidar da criação

História de conversão ecológica

Por Pe. Ramesh Lingala
Sociedade Missionária Indiana

Pe. Ramesh Lingala

Minha jornada de amor e cuidado com a irmã Mãe Terra começou em 2012 em Tarumitra, uma reserva ecológica em Patna. Como estagiário por um ano, passei um tempo entendendo as raízes profundas dos seres humanos na ecologia. Um ano de experiência me levou a um horizonte diferente de conhecimento, perspectivas, compromissos e carisma para uma vida de cuidado da criação.

Sob a competente orientação e supervisão do Rev. Pe. Robert Athickal, SJ, me envolvi em conversas com diferentes grupos de alunos de várias disciplinas de estudos, chamando sua atenção para a interdependência da vida e sua sustentabilidade.

Nos últimos cinco anos, tenho ensinado ecoteologia para conectar os alunos e noviços com a espiritualidade ecológica bíblica e o desenvolvimento da espiritualidade ecológica na tradição católica. Nesta jornada, fiz com que os alunos entendessem o compromisso da Igreja de defender e promover a espiritualidade ecológica por meio de seus ensinamentos e encíclicas.

Após minha ordenação na Sociedade Missionária Indiana em 2016, meus superiores me permitiram trabalhar em meus interesses pela vida. Nos últimos cinco anos, em colaboração com Tarumitra e com o apoio do Rev. Pe. Robert Athickal, SJ, tenho trabalhado para construir uma reserva ecológica em Ashta, Madhya Pradesh.

Um dos grandes trabalhos que estamos fazendo é o plantio de 110 espécies de árvores no campus, principalmente aquelas endêmicas e em vias de extinção. Convidei e envolvi muitas comunidades religiosas vizinhas para participarem de atividades de plantio de árvores no campus. Fui convidado por várias escolas para realizar seminários e educar os alunos sobre as questões do meio ambiente, inspirando-os a viver em harmonia e cuidar da natureza.

Como padre, me comprometi com o cuidado da criação. Atualmente estou estudando Ecologia, Sociedade e Desenvolvimento Sustentável no MIT World Peace University, em Pune. Meu plano para o futuro é promover a sustentabilidade para a ecologia integral e a evolução coletiva da criação. Através das descobertas científicas e pelo caminho da espiritualidade ecológica bíblica, desejo ser um sinal de esperança e inspirar outras pessoas a abraçar toda a criação com amor e carinho.

São Filipe Neri
Dia de festa: 26 de maio
Santo inspirador

Por Patrick Laorden
Consultor Teológico do Movimento Laudato Si’

São Filipe Neri foi um padre italiano, considerado um místico, que viveu durante o tempo da Contra-Reforma. Em sua juventude, era conhecido como “o bom Filipinho” por seu comportamento alegre. Foi membro fundador de uma congregação de presbíteros e clérigos seculares conhecida como Congregação do Oratório de São Filipe.

Durante sua vida, São Filipe se dedicou a aulas particulares e muitas obras de caridade. Em Roma, ministrou muitas conferências religiosas, tornando-se tão popular que uma sala foi construída sobre a nave da igreja para acomodar seu público. Essas salas foram mais tarde conhecidas como oratórios. Os Oratorianos, comunidade que ele fundou, continuariam a tradição de se reunir em oratórios. Há mais de 500 padres trabalhando em 70 oratórios em todo o mundo hoje em dia.

Patrick Laorden

São Filipe era respeitado e amado em toda Roma. Era conhecido como o “Apóstolo de Roma” por causa de sua presença constante e evangelização incansável junto ao povo. Tornou-se um conselheiro de confiança para os pobres, cardeais, reis e o próprio Papa.

Uma das máximas de São Filipe era: “Há generosidade na criação, e ela mostra a bondade do Criador: o sol espalha sua luz; o fogo espalha seu calor; a árvore estende seus braços, que são seus galhos, e nos oferece seus frutos; água, ar e toda a natureza expressam a generosidade do Criador.”

O Papa Francisco ecoa isso na Laudato Si’ quando fala sobre como os pequenos esforços para mudar o mundo são os veículos que comunicam a bondade de Deus: “E não se pense que estes esforços são incapazes de mudar o mundo. Estas ações espalham, na sociedade, um bem que frutifica sempre para além do que é possível constatar; provocam, no seio desta terra, um bem que sempre tende a difundir-se, por vezes invisivelmente.” (LS 212)

Somos chamados a encontrar a bondade de Deus na criação. Indo às ruas como São Filipe fez em Roma, podemos levar o Evangelho da Criação às pessoas que encontramos. Nosso envolvimento, por menor que seja, tem a capacidade de comunicar a bondade da criação de Deus.

Junte-se a nós para celebrar a Semana Laudato Si’

A Igreja convida as comunidades católicas de todo o mundo a participar da Semana Laudato Si’ 2022.

Este evento global de uma semana, que ocorrerá de 22 a 29 de maio, marca o sétimo aniversário da encíclica histórica do Papa Francisco sobre o cuidado da criação e unirá os 1,3 bilhão de católicos do mundo inteiro para ouvir e responder ao grito da criação de Deus.

Este ano, com o tema “Escutar e caminhar juntos”, católicos dos seis continentes trabalharão para “unir toda a família humana para proteger a nossa casa comum” (LS 13), que é a citação orientadora da Laudato Si para a celebração dessa semana.

Os católicos celebrarão o progresso feito para dar vida à Laudato Si’ e intensificarão seus esforços por meio da nova Plataforma de Ação Laudato Si’ do Vaticano, que está capacitando instituições, comunidades e famílias católicas a implementar plenamente a Laudato Si’.

Podemos contar com você para liderar sua comunidade em oração e ação urgentes pela nossa casa comum? Junte-se a nós em LaudatoSiWeek.org/pt.