As turbinas do novo parque eólico em La Guajira (Foto: César Nigrinis)
A Colômbia terá seu primeiro parque eólico de grande porte. As obras começaram há alguns meses com a chegada das primeiras turbinas à península de La Guajira, bastião da transição energética do país.
É o “segundo projeto de energia eólica do país, depois de Jepirachi”, conforme relataram à DW fontes do ministério de Energia e Mineração da Colômbia. O ministro de Energia e Mineração de Colômbia, Diego Mesa, publicou em sua conta do Twitter:
La Guajira será el epicentro de la #TransiciónEnergética de🇨🇴. Con la construcción de 16 parques eólicos que generarán 11.000 empleos y $10 billones en inversiones, el departamento se consolida como la puerta de entrada para las energías renovables de fuentes no convencionales🍃 pic.twitter.com/K5WOyDNbuA
— Diego Mesa ⛏⚡️🇨🇴 (@DiegoMesaP) July 6, 2021
O parque Guajira I, em Isagén, que deve entrar em operação antes do final de 2021, terá uma capacidade de geração de 20 megawatts (MW), o que equivale ao consumo de eletricidade de mais de 33.000 famílias colombianas.
“A região do Caribe é o eixo dessa transição, prova disso é que 12 dos 14 projetos premiados no leilão de 2019 serão construídos nesta região do país”, afirmaram fontes, lembrando que “o departamento de La Guajira tem maior potencial para projetos eólicos, já que esta região tem uma velocidade do vento superior à média mundial”.
Com o projeto, a energia eólica na Colômbia será de 12%, quando era atualmente de 0,5%. Do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (INDEPAZ) da Colômbia, Joanna Barney mencionou à DW que “para a Colômbia, a diversificação da cesta energética implica uma maior segurança do sistema, pois se nossas reservas de água diminuírem, as energias renováveis podem apoiá-las”.
No entanto, não podemos esquecer os impactos sociais que o projeto vai causar, como “a entrada de estrangeiros nas comunidades indígenas, o confronto entre as comunidades pelos supostos benefícios, e o deslocamento das comunidades por conta dos parques ou da infraestrutura que os sustenta”, de acordo com Barney.
Acontece que a comunidade indígena wayuu vive na península de La Guajira e surgiram problemas de posse dos territórios. Armando Custodio Wouriyu Valbuena, um líder wayuu há 40 anos, disse à DW que “o espaço vital dos wayuu é o espaço aéreo, marítimo e terrestre”.
Sentem que “os direitos humanos estão sendo violados”, afirma outro dirigente, e citam que “a empresa não faz a consulta prévia como deveria”, apontando a falta de informações precisas que leva os moradores a deixar suas casas.
“A reativação econômica deve promover as energias renováveis, pois existem compromissos climáticos internacionais que obrigam a uma transição urgente. Porém, não pode ignorar aspectos como a existência de comunidades indígenas no território, seus usos e costumes”, disse Karla Maas à DW, porta-voz da Rede de Ação Climática na América Latina, que defende uma reativação econômica transformadora e justa na região.