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Com linguagem acessível e foco na formação, a publicação propõe oficinas, rodas de conversa e ferramentas de mobilização popular.
Em sintonia com o legado do Papa Francisco e sua contribuição para os debates sobre justiça climática, a Cáritas Brasileira e o Movimento Laudato Si’ lançam a cartilha “Mudanças Climáticas e Conferência do Clima: Qual o nosso papel?”, um material informativo e formativo voltado à mobilização da sociedade brasileira diante das emergências climáticas. A publicação integra os esforços da Igreja e de organizações sociais para ampliar o letramento climático da população, especialmente no contexto da COP30, que ocorrerá em Belém do Pará em novembro de 2025.
A proposta da cartilha é clara: tornar os debates globais acessíveis a comunidades, lideranças populares e agentes de pastoral que atuam nos territórios. Com textos explicativos, sugestões de oficinas e rodas de conversa, o material visa fomentar a construção coletiva do conhecimento, estimular a organização social e ampliar a participação popular em processos decisórios que envolvem o futuro do planeta.
Para Eduardo Nischespois Scorsatto, coordenador de campanhas no Movimento Laudato Si’, a origem da cartilha está na convergência entre a presença territorial das duas organizações e o acúmulo de experiências no campo socioambiental. “Ambas as instituições compartilham um compromisso profundo com a justiça socioambiental e reconhecem o papel estratégico das comunidades na promoção das transformações necessárias. A cartilha surge, portanto, como fruto de uma aliança que busca potencializar a escuta, a formação e a mobilização de base, tendo em vista os desafios urgentes da crise climática”, afirma.
Ele acrescenta que o material fortalece o protagonismo das comunidades ao articular reflexão teórica com práticas concretas de ação coletiva. “Ela traduz conceitos complexos em uma linguagem que pretende-se mais acessível e convida as comunidades a se reconhecerem como sujeitos ativos da transformação. Ao estimular o enraizamento local de ações socioambientais, o conteúdo contribui para a construção de uma ecologia integral a partir da realidade e da vivência das populações mais diretamente impactadas pelas mudanças climáticas”, finaliza.
Voltada a lideranças comunitárias, educadores populares, jovens organizados, movimentos sociais e eclesiais, a cartilha também se articula com experiências vivenciadas em diferentes regiões do país. Um dos destaques do material é a ferramenta metodológica elaborada pela Campanha da Fraternidade 2024, adaptada para auxiliar na sistematização de ações locais e no planejamento de atividades em rede.
“Lançar essa cartilha é reafirmar nosso compromisso com a justiça socioambiental e com o protagonismo dos povos e comunidades nos debates climáticos. A Conferência do Clima não pode ser restrita às instâncias de poder, ela precisa dialogar com quem vive nos territórios, sente os impactos das emergências climáticas e já desenvolve soluções concretas de resistência e cuidado com a Casa Comum. A cartilha é uma ferramenta de democratização da informação e de mobilização popular. É nosso modo de dizer que a COP30 precisa ter rosto, voz e escuta das comunidades”, afirma Indi Gouveia, da coordenação colegiada da Cáritas Brasileira.
Para Indi, o material funciona como uma ponte entre o debate global e a realidade local, impulsionando ações de base e incidência. Ela ressalta que a solução da crise ambiental vem do território e das práticas cotidianas de cuidado.
Além de informações didáticas sobre mudanças climáticas e sobre o processo histórico das COPs, a publicação oferece sugestões práticas de uso nos territórios. “A cartilha pode ser utilizada como instrumento formativo em rodas de conversa, oficinas, encontros comunitários, espaços escolares, grupos de fé e mobilizações populares. Seu conteúdo foi pensado para facilitar o diálogo e, dele, provocar outras reflexões que serão tecidas nas conversas e trocas”, explica Indi.
Ela destaca ainda que o material soma-se a outras iniciativas produzidas pela sociedade civil, trazendo como diferencial a articulação entre fé, cuidado com a Casa Comum e justiça socioambiental, inspirada pela Encíclica Laudato Si’ e fortalecida por uma perspectiva popular.
Ao reafirmar seu compromisso com a ecologia integral, a Cáritas e o Movimento Laudato Si’ reforçam que o combate à crise climática exige mais do que soluções técnicas. É preciso envolver quem mais sofre com seus impactos, garantir acesso à informação e criar espaços de formação crítica que fortaleçam o tecido social e espiritual das comunidades.
A cartilha está disponível para download gratuito no site da Cáritas Brasileira e no site do Movimento Laudato Si’ e pode ser utilizada em processos de formação, encontros comunitários e iniciativas de educação ambiental popular em todo o país.





