Mt 20, 1-16

No Evangelho de hoje (Mateus 20, 1-16), Jesus conta a parábola dos trabalhadores da vinha, que nos oferece uma perspectiva única sobre a justiça, a generosidade e os valores que defendemos como sociedade. Esta parábola contém uma mensagem profunda para a nossa abordagem à conversão ecológica e ao cuidado da nossa casa comum.

A parábola narra um cenário onde os trabalhadores são contratados em vários horários do dia, mas todos recebem o mesmo salário independentemente das horas que trabalham. Isso desafia as noções convencionais de justiça e destaca a ideia de graça e generosidade abundantes. Igualmente, a nossa abordagem à conversão ecológica deve transcender os meros cálculos de lucro e reconhecer o valor inerente da criação. Como o Papa Francisco afirma eloquentemente na Laudato Si’: “Não há duas crises separadas: uma ambiental e outra social; mas uma única e complexa crise sócio-ambiental” (LS 139). Tal como as ações do proprietário da vinha desafiam a lógica econômica tradicional, o nosso compromisso com a justiça ecológica deve ir além de definições estreitas de ganho.

Esta parábola convida-nos a refletir sobre o conceito de solidariedade, reconhecendo que o nosso bem-estar coletivo está ligado ao bem-estar de todos os seres vivos. Desafia a mentalidade predominante de consumismo excessivo e exploração de recursos, que desconsidera as necessidades dos marginalizados e a integridade dos ecossistemas. O nosso apelo à conversão ecológica é um apelo para garantir que cada criatura receba, assim como os trabalhadores da vinha, a sua justa parcela de cuidado, respeito e dignidade.

A parábola também sublinha o poder transformador da compaixão e da empatia. Tal como a misericórdia do proprietário da vinha transcende as normas econômicas, a nossa conversão ecológica exige uma resposta compassiva aos gritos da Terra e dos marginalizados.

Ao contemplarmos a parábola dos trabalhadores da vinha, consideremos as suas implicações para o nosso caminho de conversão ecológica. Assim como a generosidade radical do proprietário da vinha desafiou ao status quo, o nosso compromisso de cuidar da Criação desafia a cultura predominante de exploração e degradação ambiental. Ao abraçar uma visão holística da criação, tornamo-nos colegas de trabalho na vinha do mundo, chamados a nutrir, proteger e celebrar a intricada teia da vida.