Intenção mensal
October 2022

Orando pelas eleições e lideranças políticas (no contexto das eleições presidenciais no Brasil e sua importância para a preservação da Amazônia).

“A construção míope do poder frena a inserção duma agenda ambiental com visão ampla na agenda pública dos governos. Esquece-se, assim, que o ‘tempo é superior ao espaço’ e que sempre somos mais fecundos quando temos maior preocupação por gerar processos do que por dominar espaços de poder.” (LS 178)

Oração pelas cúpulas globais

Pelas lideranças políticas de todo o mundo que são chamados a trabalhar juntos e por todos nós, comprometidos a elevar “o grito da terra e o grito dos pobres” à perspectiva dessas cúpulas.

Que o Espírito Santo nos guie para manter as comunidades mais vulneráveis no centro de cada decisão política, como uma bússola para a justiça social e climática.

Que os resultados dessas cúpulas internacionais respondam em escala e profundidade às emergências que o mundo enfrenta e contribuam para construir uma harmonia renovada entre a humanidade e a natureza. Que o Senhor dê a cada um de nós a força e a paixão para ser uma parte única de uma comunidade planetária convertida. Amém.

Originalmente escrita em inglês por Chiara Martinelli, ex-membro da Cooperação Internacional para o Desenvolvimento e a Solidariedade (CIDSE). Animadora Laudato Si’, Membro do Conselho Global de Membros & Organizações Membros. Bruxelas, Bélgica.

Esta é uma oração do Livro de Orações do Movimento Laudato Si’, disponível para download aqui

 

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DISCERNIR PARA A PAZ E O BEM! | Lc.18,1-8

Dorismeire Almeida de Vasconcelos, leiga consagrada da Ordem Franciscana Secular, catequista, graduada em Letras e Especialista em Linguagem e Ensino pela Universidade Federal do Pará, ativista socioambiental atuando junto a vários movimentos socioambientais do Xingu, na Articulação do Comitê REPAM Xingu, referência do Eixo Direitos Humanos e Incidência Internacional REPAM Brasil no Xingu, Animadora Laudato Si’, auditora do Sínodo Especial dos Bispos para Amazônia (2019).

É tempo e hora de orarmos com fervor e não desanimarmos diante dos desafios e da realidade que nos foi imposta no cenário político e social do Brasil. Vivemos nesses dias um momento importante de direito e dever de escolhermos candidatos e candidatas que respondam aos anseios da população em relação às garantias de políticas públicas de qualidade à população e cuidado de nossa casa comum e da democracia. Esse momento são as eleições no Brasil.

O Senhor nos ensina que como filhos e filhas amados de Deus, devemos estar comprometidos com a ORAÇÃO, isto é, orar agradecendo, louvando e pedindo, mas também com a ação, agindo para transformarmos a realidade perversa da desigualdade social, violência, destruição da natureza e tantas outras mazelas. Somos sinais de esperança, por isso não devemos desanimar.

Ao lermos a Palavra de Deus (Lc 18,1-8) a parábola nos conta que havia um juiz que não temia a Deus e nem se importava com a população que lhe foi confiada. Assim como vemos algumas vezes políticos descomprometidos com a população e muito menos tementes a Deus. Mas nessa mesma cidade havia uma viúva que se dirigia continuamente a ele, suplicando-lhe: “Faze-me justiça!” Assim como tantas pessoas, homens e mulheres que labutam diariamente pela garantia dos direitos humanos e da natureza, em especial na defesa dos biomas, da casa comum e do Bem Viver.

Esse juiz por muito tempo a ouviu, mas não a escutava, até que de tanto ouvir seu clamor um dia se aborreceu com a voz ecoada dessa mulher: “Vou fazer-lhe justiça para que ela não venha mais me importunar.” Muitas vezes assim acontece com as autoridades políticas: é isto que denominamos a força da oração com a ação de incidência.

E a Palavra de Deus nos fala através dessa parábola:

“Ouçam o que diz o juiz injusto:

Acaso Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele dia e noite? Continuará fazendo-os esperar?

Eu digo a vocês: Ele lhes fará justiça e depressa. Contudo, quando o Filho do homem vier, encontrará fé na terra?”

Deus nos conclama a assumirmos nossa missão de construir a paz que é fruto da justiça trabalhada na defesa da vida, na luta por garantia de direitos e incidência política de transformação da sociedade. Por isso é dever dos filhos e filhas de Deus comprometer-se na escolha da Paz e do Bem, que não é uma ação pacífica, mas uma ação transformadora!!!

Oremos a Deus pela escolha da Paz e do Bem nestas eleições, por nossos povos, por nossos biomas e para enfrentarmos a realidade da desigualdade e violência impostas neste país por desgovernos que não defendem a vida.

 

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Ouvindo o grito da Criação

Balsa subindo o Rio Negro no Brasil para retirar ouro nas terras indígenas | Foto: Indígenas do Brasil / Reprodução

Balsa para fins de mineração subindo o Rio Negro, na Amazônia brasileira, para retirar ouro nas terras indígenas. A situação mostra a realidade do enfrentamento dos indígenas brasileiros, que estão entre os mais agredidos pelo avanço criminoso de invasores sobre suas terras no Brasil. 

Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil, revelou que pelo menos 23% do desmatamento para a mineração na Amazônia ocorre dentro de reservas indígenas e outras áreas protegidas por lei. 

No cotidiano dos povos originários residentes nessas localidades da Amazônia brasileira, balsas para fins de mineração são vistas cada vez mais e o aumento da violência e abuso de garimpeiros ligados ao crime organizado se tornaram mais frequentes. 

 

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Ouvindo o canto da Criação

Com o tema “Ouvir o grito da Criação” o Capítulo Rio Grande do Sul do Movimento Laudato Si’ , no Brasil, realizou o seu primeiro retiro presencial, durante os dias 03 e 04 de setembro de 2022. O momento marcou a primeira semana do Tempo da Criação deste ano.

Ao todo, 25 pessoas participaram vindas de vários lugares. Todos comprometidos com o cuidado da casa comum, com a luta dos pequenos, dos pobres, em defesa dos direitos humanos e da natureza. Eram animadoras e animadores Laudato Si’, religiosos e religiosas da Igreja Católica, ativistas ambientais e lideranças religiosas de matriz africana. Através do diálogo, da comunhão e reflexão, o retiro proporcionou um tempo de contemplação, meditação e testemunhos de ações concretas.

Os testemunhos foram diversos, como o da irmã Iraci F. C. Santos, das Irmãs de São José de Chambery, sobre o seu projeto de plantio de mudas; o de Frei José Deon, que abordou seu compromisso junto aos catadores e catadoras dos galpões de reciclagem e, também, da jovem Luisa Jahn, ativista do Eco pelo Clima que contou a história de seu movimento. Além dos momentos de partilha, os participantes fizeram visitas a hortas comunitárias e também ao Terreiro da Mãe Eliane e seu sítio de Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs).

O retiro foi finalizado com um momento de confraternização e celebração inter-religiosa. Como conta Rabeca Peres, Animadora Laudato Si, “todos unidos em um só coração, em unidade pelo cuidado da criação, nos despedimos com o compromisso de seguirmos fiéis como discípulas e discípulos de Jesus Cristo, ouvindo a Voz da Criação e agindo profeticamente diante dos desafios dos gritos da mãe terra e dos pobres.”

 

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História de conversão ecológica
Por Rabeca Peres

Meu nome é Rabeca Peres da Silva, sou Animadora Laudato Si’ e moro na cidade de Porto Alegre, estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Minha conversão ecológica é um desafio contínuo. A cada dia busco cultivar a minha conversão desde as pequenas ações do meu cotidiano.

Antes de fazer o curso de Animadores Laudato Si’ fui missionária do CIMI: Conselho Indigenista Missionário da Igreja Católica, atuando no apoio à luta dos povos indígenas na região metropolitana de Porto Alegre, no sul do Brasil. Com os indígenas, aprendi que a terra é dom de Deus dada a nós, ela é sagrada, sendo espaço de convivência, bem-estar, saúde, onde é desenvolvido todo o modo de ser e viver em harmonia. No entanto, seus territórios são vistos pelo poder econômico como objetos para implementação de projetos extrativos e agropecuários, algo devastador.

Por isso, as lutas dos indígenas pelo direito à demarcação de seus territórios é justa e legítima. Aprendi também com eles a importância da resistência diante dos modelos econômicos e políticos do sistema capitalista, de uma cultura de descarte e morte. Seu modo de ser e lutar está ancorado na espiritualidade forte de suas culturas. 

Quando veio a pandemia que pedia recolhimento em casa, resolvi buscar na internet cursos de meditação e espiritualidade. Foi quando encontrei o Curso de Animadores no Movimento Laudato Si’ que, na época, ainda tinha o nome de Movimento Católico Global pelo Clima.

Fiz o curso em 2020 e durante toda a jornada comecei a ler e a meditar a encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco, sobre o cuidado da casa comum. Fui me encantando com as orientações que ali se apresentavam, tais como conversão ecológica e viver uma espiritualidade ecológica por causa da criação de Deus ferida, ameaçada e violentada.

Uma criação crucificada por nossas ações humanas. Sentia cada vez mais, durante o curso, que era momento de agir, já não mais sozinha, mas em conjunto, comunitariamente, nos níveis local e global.

Foi um verdadeiro despertar ecológico integral. As conferências me inquietavam para a importância de assumir esta causa do cuidado da nossa casa comum. O cuidado com o outro, com os rios, com as florestas, com os animais, com a vida, era um chamado divino a todos nós, participantes.

Fui trazendo à memória os povos indígenas do Brasil e suas lutas incansáveis pela proteção da mãe terra, como diz o Papa Francisco na encíclica LS 146: “Eles [povos indígenas], quando permanecem em seus territórios, são os quem melhor os cuida.”

O Programa de Animadores também me trouxe à memória as lutas de tantas pessoas dos movimentos eclesiais, sociais, ambientais e ecológicos, como nossos irmãos e irmãs da área da ciência: biólogos, pesquisadores, ativistas, lideranças da religião de Matriz Africana. Pois a encíclica propõe que possamos nos unir com nossos saberes e ações pela casa comum. Estamos interligados, somos UM.

Entendi que uma igreja em saída era também uma igreja ouvinte das diferentes vozes da sociedade, ouvindo e caminhando junto para refletir e buscar saídas diante das mudanças climáticas, bem como ações nas comunidades locais e nas políticas públicas zelando pelo bem comum.

Outro desafio é crer que juntos podemos pressionar os líderes mundiais a cumprirem os acordos internacionais sobre o clima, a perda da biodiversidade e as populações pobres mais afetadas pelos impactos. Tudo foi me encantando, pois não estamos sós. Quando terminei o curso, fui sentindo um vazio, pois queria continuar ligada a esses novos integrantes de caminhada de fé e amor.

Mas logo surgiu uma luz, quando o Movimento Laudato Si’ fez o convite para que todos os que quisessem continuar ligados ao movimento se pronunciassem, pois seguiriam recebendo informações sobre ações a serem realizadas globalmente. Logo dei meu sim e prossegui junto com outros animadores.

No meu estado nos propusemos a criar um Capítulo, cujo tema era os botos de Lahille (ameaçados de extinção) e a pesca cooperativa. Foi muito lindo: rezarmos, refletirmos e nos animamos para mobilizações, realizamos lives com lideranças indígenas e biólogos sobre a terra e a crise hídrica.

Como animadores, participamos da campanha global “Planeta Saudável, Pessoas Saudáveis”. Também fizemos um retiro no início de setembro para abrir o Tempo da Criação, cujo tema foi “Ouvir o Grito da Criação”, que nos proporcionou momentos de espiritualidade, encontro fraterno, reflexão e testemunho de ações pelo cuidado da nossa casa comum. Sou grata a Deus por esta oportunidade de ser guardiã e Animadora de sua Criação.

Tudo é Sopro do Espírito que nos leva por caminhos que às vezes não esperamos, um Sopro Divino a nos restaurar e nos converter cada vez mais. Somos discípulos e discípulas de Jesus a seguir suas pegadas de amor rumo ao reino e pela sua justiça. Temos uma mãe que nos inspira e nos encoraja quando falta o vinho da esperança.

Ela, cheia do Espírito, segue dizendo “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5). Portanto, a minha conversão é um contínuo despertar. A cada dia peço a graça a Deus Pai e Mãe para ouvir, aprofundar a realidade dos pobres e da mãe natureza, ir ao encontro das pessoas, rezar, contemplar e agir. Um contínuo despertar mudando meu estilo de vida como, por exemplo, abandonar de vez as sacolas plásticas quando vou às compras e usar bolsas de pano.

Sigo encantada e feliz por seguir Jesus Cristo como instrumento dele no Movimento Laudato Si’, sabendo também que estou caminhando com tantas animadoras e animadores do mundo inteiro para glória de Deus e a construção do novo céu e da nova terra.

 

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São Francisco de Assis
Santo Inspirador
Dia da Festa: 4 de Outubro

Irmão universal
Por Daniel Castellanos, Consultor Teológico do MLS

Muito já aprendemos e muito ainda a aprender de São Francisco de Assis, uma das grandes figuras que inspiram crentes e não-crentes a cuidar de todos os seres da criação, humanos e não humanos. Conhecemos e rezamos com seu Cântico das Criaturas e as histórias que lemos sobre sua relação com os animais são comoventes. Qual era o segredo de São Francisco em sua relação com os animais? Como viveu um vínculo tão íntimo, compassivo, terno e afetuoso com eles?

Li recentemente, da caneta dos frades capuchinhos Luiz Carlos Susin e Gilmar Zampieri, dois filhos de São Francisco, a resposta a esta pergunta: a desapropriação é o segredo de uma fraternidade universal no estilo de São Francisco. Podemos dizê-lo de muitas maneiras: os animais não estão à nossa disposição, devemos evitar o domínio e a disponibilidade de animais para nós mesmos, devemos renunciar à posse e ao uso indiscriminado de animais, os animais não estão disponíveis a nosso critério, eles não existem para o prazer e o conforto humano. 

Sem dúvida, grandes transformações culturais seriam necessárias para estabelecer relações de não dominação com os animais. Basta imaginar as consequências concretas dessa atitude nas áreas da nossa vida em que estabelecemos vínculos com eles: para entretenimento, para educação e pesquisa, para alimentação, como utensílios para nossas roupas e sapatos, como animais de estimação.

Inspirados por São Francisco, podemos usar este critério de ação como uma forma emocionante de habitar a casa comum com cuidado e fraternidade/soridade, incluindo os animais, grandes companheiros de nossa aventura no mundo.

 

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Entrando em ação

Cacique Odair “Dadá” Borari, um dos principais personagens de A Carta

Este mês temos novidades muito emocionantes. Em 4 de outubro, o YouTube Originals lançou o grande documentário A Carta, contando a história da encíclica Laudato Si’ e como a crise climática está afetando fortemente a Terra e todos aqueles que a habitam.

As vozes que estão presentes no diálogo documentado no filme vêm das comunidades indígenas, da pobreza, da juventude e da ciência. Um deles é o cacique Odair “Dadá” Borari, que vem do povo Borari na região amazônica brasileira, onde liderou um trabalho inovador de defesa ambiental em um lugar muito perigoso.

O cacique Odair “Dadá” Borari é líder da comunidade Novo Lugar do povo Borari. A aldeia Borari fica na Terra Indígena Maró, localizada no estado do Pará, Brasil. As terras Maró incluem florestas antigas, cheias de vida e beleza, onde as madeireiras veem apenas potencial para o próprio lucro. 

Quando os madeireiros ilegais começaram a aumentar suas incursões no Território Maró, o cacique Dadá tornou-se especialista no uso de uma nova técnica para capturar fotografias de suas atividades com GPS. Seu trabalho criou evidências dos crimes dos madeireiros, forçando as autoridades governamentais a agir.

Como resultado de sua corajosa liderança, o cacique Dadá foi capturado e torturado por mercenários, e agora precisa se deslocar com escolta de segurança. Ele continua defendendo a proteção de seu povo e de sua terra, e está formando a próxima geração de líderes. 

Juntos, devemos aproveitar esta preciosa oportunidade e difundir a sabedoria da Laudato Si’ em larga escala. Contamos com você para divulgar a todos os seus amigos e conhecidos essa incrível iniciativa.

Por outro lado, estamos buscando doações para impulsionar a campanha de promoção do filme e garantir que ele seja amplamente conhecido em toda a Igreja e fora dela. Estamos começando a trabalhar com líderes e membros do nosso movimento para que o filme seja exibido no maior número possível de paróquias e comunidades em todos os continentes.

Hoje nós humildemente pedimos o seu apoio. Se puder, convidamos você a considerar doar hoje para garantir que o filme chegue a todos os cantos do mundo.

O filme estreou na Cidade do Vaticano em 4 de outubro, festa de São Francisco de Assis, que encerrou o Tempo da Criação. Ele já está disponível gratuitamente no YouTube, para que todos o assistam. 

Esperamos que o lançamento seja seguido por uma grande onda de exibições em todo o mundo, juntamente com uma campanha para oferecer às comunidades ferramentas concretas para se envolverem em ações ousadas em prol da justiça climática e ecológica.

Além disso, levaremos o filme aos locais de poder – desde parlamentos até cúpulas da ONU, como a COP27 e a COP15 – exigindo que os políticos façam bem mais do que têm feito.

Vai dar muito trabalho, mas estamos muito empolgados. Contamos com você!

 

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