Desde 1868, os franciscanos em Glasgow têm assistido os necessitados. Abriram cooperativas de crédito para ajudar os pobres em suas finanças e trabalharam com doentes em tempos de pandemia e peste.

Esta semana, estão mantendo a tradição de ajudar os marginalizados, conclamando os governos a estabelecerem metas ambiciosas na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em Glasgow.

“Nós nos unimos a esta grande onda de protesto e preocupação para falar em nome do nosso maravilhoso planeta, ameaçado de ruína e destruição e correndo perigo por causa da multidão de pessoas que vivem nele”, disse o Pe. George Smulski, OFM, franciscano que trabalha em Glasgow.

Ele e outros franciscanos do mundo inteiro contaram como estão ajudando nosso planeta ferido num webinário especial sobre a COP26, intitulado “Defendendo um Planeta Saudável: ação  franciscana na Conferência do Clima da ONU”. O evento foi apresentado pela Franciscans International e pelo Movimento Laudato Si’, e transmitido ao vivo do convento franciscano em Glasgow.

Assista a todo o webinário “Defendendo um Planeta Saudável”

Budi Tjahjono, Coordenador do Programa para a região da Ásia e Pacífico da Franciscans International, detalhou como o grupo defende os mais vulneráveis, aqueles que estão sentindo os piores efeitos da emergência climática e da crise ecológica, apesar de terem contribuído muito pouco com as emissões de gases de efeito estufa que causam essas crises. “Estamos tentando trabalhar de verdade na questão da justiça climática e ambiental”, disse ele.

Tjahjono listou algumas de suas prioridades e esperanças para a COP26, incluindo um compromisso renovado dos governos de limitar, ainda neste século, o aquecimento global a 1,5 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais.

Nossa casa comum já esquentou 1,1 grau e está em vias de esquentar 2,7 graus neste século, de acordo com o Relatório das Nações Unidas sobre a Lacuna de Emissões 2021.

O irmão Christopher John, SSF, Ministro Geral da Sociedade de São Francisco, vive nas Ilhas Salomão. O país do sudeste asiático corre o risco de desaparecer nos próximos anos, à medida que o nível do mar aumenta.

Cada vez que o irmão John fala com a população local, ouve das pessoas as mesmas três preocupações: exploração madeireira, mudança climática e políticos corruptos. “Não é surpresa nenhuma saber que esses três fatores estão conectados”, disse ele.

Mas as coisas começaram a mudar quando o governo começou a ouvir mais e aceitar as recomendações das pessoas. No entanto, a crise climática permanece. “A mudança climática é uma ameaça existencial para as pequenas ilhas do Pacífico. Eles já estão sendo inundados com a elevação do nível do mar. Os jardins e a água potável estão ficando salgados”, disse ele.

Outros grupos também tomaram medidas em favor da criação de Deus na Ásia-Pacífico. Mylene Saluta, diretora executiva da Fellowship for the Care of Creation (Fraternidade para o Cuidado da Criação), das Filipinas, constrói e sustenta fazendas Laudato Si’, que também servem como centros de educação em agricultura orgânica.

Para o irmão Clark Berge, SSF, guardião do Convento de Hilfield (Inglaterra), ser franciscano significa “fazer o que você fala”, viver de maneira sustentável e ajudar os outros a cuidar da criação de Deus. Em seu convento, eles têm 50 hectares de terra com um pequeno rebanho de gado, porcos, galinhas e abelhas. Tudo o que produzem é totalmente orgânico.

“Compartilhamos a terra, ou seja, o planeta, com muitas espécies e muitas delas estão em risco por causa do modo de vida impensado da humanidade”, disse o irmão Berge.

Católicos de todo o mundo levantaram sua voz por todas as espécies assinando a petição “Planeta Saudável, Pessoas Saudáveis”. Lindlyn Moma, Diretora de Advocacy do Movimento Laudato Si’, disse que mais de 120.000 pessoas assinaram essa petição profética, que conclama os governos a fazerem quatro coisas na COP26 e na conferência sobre biodiversidade das Nações Unidas, a ser realizada presencialmente em abril de 2022:

  1. Enfrentar a emergência climática e a crise da biodiversidade conjuntamente.
  2. Limitar o aquecimento global a 1,5 grau Celsius e prometer que não haverá mais perda de biodiversidade.
  3. Garantir ação global equitativa, incluindo apoio para os mais afetados pela crise climática.
  4. Proteger e respeitar os direitos humanos, incluindo os direitos dos Povos Indígenas e Comunidades Locais nas políticas climáticas e na ação relativa à biodiversidade.

O padre Angelito Cortez, OFM, vice-diretor do Escritório de Justiça, Paz e Integridade da Criação em Roma, ofereceu um testemunho comovente sobre os que morreram por causa de tempestades mais fortes, que os cientistas afirmam serem causadas pela crise climática.

Ao seguir em frente, disse o padre Cortez, devemos colaborar uns com os outros e não deixar ninguém para trás.

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