Agosto 2025

Guia Mensal de Oração

Pela convivência comum, reconhecendo que todos somos criaturas de Deus

Editorial

Este recurso é um guia para os membros do nosso movimento usarem coletiva ou individualmente a cada mês. Todos os meses, este guia de oração traz reflexões e testemunhos de diferentes membros do nosso movimento global para inspirar você a orar, contemplar, refletir e agir pela criação.

Continuando nossa jornada neste ano extraordinário, somos chamados a Espalhar Esperança comemorando o 10º aniversário da Laudato Si’ e do nosso Movimento, além de 800 anos de Cântico das Criaturas. Esses marcos notáveis ​​nos convidam a aprofundar nosso compromisso com a ecologia integral, celebrar o dom da criação e caminhar juntos como uma única família humana. 

O tema de agosto — Pela convivência comum, reconhecendo que todos somos criaturas de Deus — nos lembra que todos os seres vivos estão interligados, são dignos de cuidado e fazem parte da criação sagrada de Deus. Essa verdade nos impele a rejeitar a divisão e a dominação e, em vez disso, abraçar um espírito de paz, humildade e comunhão com todas as formas de vida.

As intenções mensais deste ano seguem as intenções de oração do Santo Padre para 2025, vistas através das lentes da Laudato Si’. Cada uma delas nos ajuda a enxergar como nossa fé nos convoca à conversão ecológica e à justiça por toda a criação.

Também olhamos para o Tempo da Criação que se aproxima e será celebrado de 1º de setembro a 4 de outubro — um momento sagrado em que cristãos de todo o mundo se unem em oração e ação pela nossa casa comum. Que este seja um período de renovação, um tempo para erguermos nossas vozes proféticas e nos comprometermos a cuidar da criação com amor e urgência.

Que este guia nos inspire a agir com coragem, amar com determinação e construir um mundo onde todas as criaturas possam viver em harmonia. Uma oração, uma ação, um passo de cada vez.

Ouvindo o canto da Criação

Intenção mensal:

Pela convivência comum, reconhecendo que todos somos criaturas de Deus

 

Citação do mês:

 “Sentir cada criatura que canta o hino da sua existência é viver jubilosamente no amor de Deus e na esperança.” LS 85

Oração de Confissão e Intercessão

(Por Rev. James Bhagwan, de Fiji, via Conselho Mundial de Igrejas)

Deus criador, Deus dos oceanos,
Deus da terra e de tudo o que nela há:
Tu criaste este mundo com o poder da tua palavra.
Formaste a humanidade com tuas próprias mãos e sopraste teu próprio hálito em nós.
Tu nos deste estas terras como um dom – como fonte da nossa identidade e sustento.
Tu nos capacitaste para sermos cuidadores do que criaste.

Deus de amor,
falhamos contigo e abusamos do dom que nos deste.
Nós te ofendemos e profanamos o que fizeste.
Perdoa-nos por trair tua confiança.
Perdoa-nos por nossa ganância e arrogância.
Perdoa-nos pelo que fizemos à tua terra.
Perdoa-nos pelo que fizemos aos teus oceanos.
Perdoa-nos pelo que fizemos às tuas criaturas,
na terra, no céu e nas profundezas.

Ouve, ó Deus da Compaixão:
Os gritos da terra tornaram-se um deserto; terra estéril devido a
práticas agrícolas corruptas, poluição, mineração e desmatamento.
Os gritos das ilhas estão se afogando na elevação dos mares,
oceanos que sobem com o derretimento do gelo.
Os gritos de angústia da Mãe Terra são tempestade e seca.

Deus da Vida,
Cura a tua terra ferida. Capacita-nos a escolher o caminho que leva à vida.
Guia-nos pelas veredas da justiça por amor do teu nome
para que possamos experimentar novamente o teu Shalom na terra e no mar.
Isto te pedimos em nome daquele que veio para que tenhamos vida em
abundância, teu Filho, nosso Salvador Jesus Cristo.
Amém.

Ouvindo o Grito da Criação

Reflexão mensal para aprofundar a nossa conversão ecológica

 Encontros abençoados na comunidade da Criação: o convite de Deus à conversão ecológica

Dra. Ann-Maree O’Beirne RSM, Animadora Laudato Si’, Austrália

Estar no topo das montanhas, subir em árvores, observar cordeiros nascendo e brincar com cachorrinhos e gatinhos — essas são memórias preciosas da minha infância em uma fazenda. Quando olho para trás através da lente da presença amorosa de Deus, agora os vejo como momentos sagrados, encontros abençoados dentro da comunidade da criação. Cada um deles gentilmente me convidou a reconhecer a santidade da natureza e abriu meu coração a uma conversão ecológica — uma consciência crescente do sofrimento da criação e um desejo de responder a ele.

Ao refletir sobre esta jornada, percebo que tem sido uma vida inteira de encontros abençoados. Assim mesmo, cada novo momento com a criação ainda abre uma porta para um relacionamento mais profundo com Deus e com o mundo ao meu redor. Alguns desses momentos se destacam mais do que outros porque me transformaram, formando tanto meu caminho espiritual quanto minha compreensão de uma Terra sofrida.

 

Um desses momentos aconteceu em meados da década de 1990, durante um período difícil e solitário da minha vida. Estava folheando silenciosamente as páginas de dois livros de fotografia (paisagens, árvores, praias) e, de repente, algo mudou. Uma luz irrompeu na escuridão. Essas imagens se tornaram lembretes da presença criativa de Deus. Naquele momento me senti recriada. Agora, olho para aquele dia como um ponto de virada, um encontro abençoado que me aproximou de Deus. Ele acabou me levando a fazer um retiro de silêncio de 30 dias na tradição inaciana e, mais tarde, a me tornar Irmã da Misericórdia.

Durante meu noviciado, em 2000, fui apresentada à “Nova História do Universo”, que me ajudou a compreender, de uma perspectiva científica e espiritual, que tudo na criação está profundamente conectado. Um ano depois, morei na comunidade aborígene de Mulan, na Austrália Ocidental, onde conheci a sabedoria ancestral dos povos indígenas e sua profunda conexão com a terra. Essas experiências aprofundaram meu senso de pertencimento à criação.

Em 2007, nossas Irmãs da Misericórdia de Bathurst transformaram nossa propriedade de noviciado em uma Comunidade de Aprendizagem Ecológica chamado Rahamim —  uma palavra hebraica para “misericórdia”. Ela se tornou um ministério de cura para a Terra. Reconhecemos que nosso planeta, assim como tantas pessoas, precisava de compaixão. Trabalhando ao lado de defensores do meio ambiente — ou “ecoguerreiros” — aprendemos maneiras sustentáveis de viver. Juntos, compartilhamos percepções espirituais que nos ajudaram a entender como a destruição ecológica afeta os pobres mais profundamente. Aqueles sete anos em Rahamim foram uma época de “germinação”, quando as sementes plantadas na minha infância e jornada espiritual começaram a criar raízes.

Em 2014, iniciei um doutorado cujo tema era “Encontrar Deus em todas as coisas”. Baseando-me na espiritualidade inaciana, na teologia da graça de Karl Rahner, na teologia ecológica de Denis Edwards e na Laudato Si’ do Papa Francisco, aprofundei-me em como podemos experimentar Deus na beleza — e na dor — da criação.

Naquele mesmo ano, sofri uma profunda perda pessoal. Meus pais faleceram de leucemia e meu irmão mais novo faleceu após uma longa doença. Minha dor se estendeu à própria Terra — especialmente às árvores. Sempre senti uma profunda conexão com elas e, durante a seca, muitas árvores ao meu redor sofreram e morreram. Uma que me partiu o coração foi um belo olmo em Rahamim, perdido devido a uma infestação de besouros, que provavelmente foi causada pelas mudanças climáticas. Por meio da oração e da reflexão, comecei a ver até mesmo esse sofrimento como mais um encontro abençoado. Passou a ser uma prática espiritual: encontrar Deus em momentos de perda e permitir que essa dor desse forma ao meu amor pela criação.

O Papa Francisco, na Laudato Si’, fala da conversão ecológica como algo que sentimos: “a desertificação do solo é como uma doença” ou “a extinção de uma espécie [é] como se fosse uma mutilação” (LS 89). Esse tipo de experiência sentida nos abre para a mudança. E a mudança começa com o amor. Cada encontro abençoado com o sofrimento da criação me move a responder — com esperança, compaixão e ação.

Na Laudate Deum, o Papa Francisco nos lembra da profunda relação de Jesus com todas as criaturas: “todos os seres que nos acompanham no nosso caminho” (LD 1). Ele também alerta que muitas dessas criaturas se tornaram vítimas da nossa negligência (LD 15) e nos convoca a todos a acompanhar um “percurso de reconciliação com o mundo” (LD 69).

Minha jornada de conversão ecológica continua. Ela foi formada por estudos acadêmicos, oração e uma profunda atenção para com o mundo ao meu redor. Deus continua me chamando a caminhar adiante — a louvar a beleza da criação, lamentar o que se perdeu e cuidar de todos os seres vivos. Em cada pequena escolha que faço, tento viver com maior consciência ecológica, sabendo que isso também faz parte do meu caminho espiritual.

Perguntas para reflexão

  • Você se lembra de um momento especial na natureza que fez você sentir a presença de Deus?
  • Como você se sentiu ao ver a natureza sofrer?
  • Que coisa simples você pode fazer pelo nosso planeta hoje?

Ouvindo o chamado da Criação

Baixe o Guia de Celebração do Tempo da Criação 2025

O Guia de Celebração do Tempo da Criação 2025 é o seu recurso essencial para percorrer este tempo sagrado com fé e ação. Projetado para indivíduos e comunidades, ele oferece ideias para oração e liturgia — incluindo um Culto de Oração Ecumênico —, maneiras de refletir sobre o tema e o símbolo deste ano, reflexões sobre as Escrituras e ferramentas para incidência política e restauração ecológica. Nele você também encontrará links para webinários, materiais promocionais e canais oficiais nas redes sociais.

Deixe que este guia inspire você a cuidar da nossa casa comum.
 

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Este guia de oração foi desenvolvido com o apoio de Cheryl Dugan, Adrian Tambuyat e Marione Bacalso, das Filipinas; Dra. Ann-Maree O’Beirne RSM, da Austrália; e Suzana Moreira, do Brasil. Contou também com o trabalho estratégico de Susana Salguero, de El Salvador; o design de Marco Vargas, do Equador; bem como o trabalho de outros membros da equipe de Comunicação espalhados pelas Américas e tradutores espalhados por todo o mundo.