Acompanhe Luke Henkel, gerente de programas do Movimento Laudato Si’ para a América do Norte, em sua inspiradora viagem de bicicleta ecológica de Chicago a Nova York. Veja suas reflexões pessoais, desafios e compromisso ambiental na sua reflexão.

Minha fé católica tem sido a minha bússola nesta incrível jornada rumo ao cuidado ambiental e à vida sustentável. Tem sido uma viagem repleta de desafios e encontros comovedores com outros viajantes. É uma jornada que eu não poderia ter feito sozinho, e assim passei a apreciar profundamente esse fato.

Ajuda e dores de cabeça pelo caminho:

No meu segundo dia andando de bicicleta, o sol abrasador foi implacável e a temperatura chegou a escaldantes 43°C. Para completar, caí numa estrada de terra sem sombra no meio de um milharal, e os prendedores da bolsa da minha bicicleta quebraram… Fiquei numa situação complicada, buscando desesperadamente um alívio do calor sufocante. Acabei encontrando um bicicletário num escritório próximo. Foi quando cruzei com uma mulher numa van.

Ela me olhou bem e disse: “Esse bicicletário é privado, sabia?” Devo ter olhado com raiva para ela porque fiquei muito irritado. Mas então decidi compartilhar um pouco da minha jornada, dizendo: “Estou pedalando de Chicago a Nova York por causa da minha fé católica”.

Luke começa sua jornada pedalando no calor do estado de Indiana.

E sabe o que ela disse? Pareceu ficar genuinamente surpresa e respondeu: “Sou voluntária na escola católica dos meus filhos”. Tivemos uma conexão imediata. No fim das contas, ela disse: “Parece que você precisa de um pouco de água e um descanso. Venha para o nosso escritório, temos ar condicionado e até um chuveiro.” São momentos como esse que me lembram da bondade das pessoas e da graça de Deus em lugares inesperados.

Luke descansa no St. Francis Inn, no bairro de Kensington, cidade da Filadélfia.

Agora estou em Filadélfia, onde a temperatura ultrapassou escaldantes 37 graus. Embora eu possa fazer algumas paradas para escapar do calor, estou sempre atento àqueles que não podem. Atualmente estou hospedado na St. Francis Inn, uma cozinha comunitária no bairro de Kensington, em Filadélfia, onde eu costumava servir sopa para os pobres e desabrigados. Estando aqui fica claro que algumas pessoas não conseguem ter um alívio. Ontem várias pessoas chamaram a ambulância só para pegar uma carona com ar condicionado até o hospital para sair do calor. Elas não têm outra opção.

Uma jornada por ecossistemas e relacionamentos:

Mas nem tudo são dores: conheci companheiros de viagem que compartilham minha paixão pelo cuidado ambiental e por ações baseadas na justiça. De todos os lugares, foi justamente na Divisão Continental Oriental que me deparei com outro ciclista que estava fazendo o trajeto inverso, de Nova York a Chicago. Ele se dedicava à luta pelos trabalhadores sindicalizados e até passou um tempo na zona rural da Pensilvânia.

Ele disse uma coisa que me marcou: “Sabe, o negócio é criar uma cultura do ciclismo em que as pessoas diminuam a velocidade, façam perguntas e se conectem genuinamente umas com as outras”. É um grande contraste com a agitação que leva ao isolamento dentro de um carro na cidade, onde ninguém tem tempo para conversar ou dar vazão à curiosidade sobre as aventuras dos outros na correria do dia a dia. Conhecer pessoas como ele pelo caminho reforçou o valor de se conectar com os outros, mesmo quando você está em estradas menos glamurosas.

Na semana passada, ao cruzar a fronteira da Virgínia Ocidental, fui saudado por paisagens absolutamente inspiradoras. Andar de bicicleta pela Passagem Great Allegheny foi como um sonho. As florestas exuberantes, os rios cristalinos e uma ou outra cidade pelo caminho formavam um cenário deslumbrante. Acampei no caminho. Acordar com um sol nascente de tirar o fôlego e mantas de neblina foi algo que guardarei para sempre. Dava para ouvir como os pássaros estavam felizes. A área estava viva com a natureza.

Isso me levou de volta a uma conversa que tive com outro ciclista que rodava todo o país. Ele teve uma inspiração profunda: “Se mais pessoas pudessem começar o dia assim, apreciando a beleza da natureza, provavelmente teríamos menos problemas, tanto em termos ambientais como sociais”. Realmente me fez pensar por que esses momentos são frequentemente vistos como extraordinários.

Luke admira o nascer do sol sobre o rio Potomac em Paw Paw, Virgínia Ocidental. “Bastava ouvir a neblina deslizando pelas águas despertas…”, lembra Luke.

Abraçando o Tempo da Criação através do estilo de vida:

Empreender esta jornada durante o Tempo da Criação foi incrivelmente significativo. É reconfortante saber que pessoas do mundo inteiro estão embarcando em feitos semelhantes durante este período especial. Todas as manhãs, defino minhas intenções para o dia e trago aos meus pensamentos as pessoas que podem estar enfrentando dificuldades. É uma bela maneira de viver o Tempo da Criação, mantendo essas orações no meu coração enquanto pedalo. É o que me faz continuar, mesmo diante de muitos desafios de um dia qualquer.

Se você está pensando em viver uma vida mais ecológica e guiada pela fé, mas não sabe por onde começar, aqui está a sabedoria inspirada pelo Buda, que disse alguma coisa assim: “Concentre sua energia naquilo que você ama, em vez de ficar pensando naquilo de que não gosta.”

Encontre sua paixão, não importa o quão estranha ela possa parecer. Se você adora minhocas, comece a compostar. Não se preocupe em mudar tudo. Comece aos poucos e faça o que puder e o que sabe que é certo. Em vez de se preocupar com o que parece impossível de mudar, canalize sua energia em ações que ressoem em seu coração. Faça simplesmente porque iluminará a escuridão, e é isso que realmente importa. É aí que começa a verdadeira jornada.

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