Num evento liderado por onze organizações eclesiais da América Latina e do Caribe, os participantes discutiram a perspectiva da transição energética justa no continente, tendo em vista a próxima Cúpula do Clima, COP 28.

Na quinta-feira, 7 de setembro, aconteceu o II Simpósio para o Cuidado da Casa Comum com o tema “América Latina e Caribe rumo à aceleração da transição energética justa na perspectiva da ecologia integral”, liderado por onze organizações: o Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), Cáritas da América Latina e do Caribe, Confederação Latino-Americana de Religiosas e Religiosos (CLAR), Serviço Cristão Internacional de Solidariedade com os Povos da América Latina “Óscar Romero” (SICSAL), a Aliança Global CONVIDA20, as redes eclesiais Pan-Amazônica (REPAM), Ecológica Mesoamericana (REMAM) e do Gran Chaco e o Aquífero Guarani (REGCHAG), além das redes Igrejas e Mineração e Latino-Americana de Justiça Econômica e Social, animadas pelo Movimento Laudato Si’.

Gloria Lozada De Jesús fez a oração de abertura e Dom Lizardo Estacada, Bispo Auxiliar de Cuzco e Secretário Geral do Conselho Episcopal Latino-Americano e do Caribe (CELAM), deu a mensagem de boas-vindas. As Irmãs Daniela Cannavina e Liliana Franco, da CLAR, também deram sua mensagem de apoio ao evento.

Dentro do bloco “Ver”, o Frei Eduardo Agosta Scarel, O. Carm, Assessor de Mobilização do Movimento Laudato Si’, falou sobre os nove limites planetários da sustentabilidade, que garantem a habitabilidade do planeta. Entre eles, a biodiversidade e o clima são fundamentais e estão em risco, e por causa deles são realizadas as COPs.

Posteriormente, Horácio Machado do Instituto Regional de Estudos Socioculturais, falou sobre “Repensar a energia como elemento vital e Bem Comum: a transição energética como transformação ontológico-política radical”. Seu discurso humanista destacou a importância de “reeducar os nossos modos de vida”, uma vez que “comungar é também fazer parte da energia de cada pessoa como um bem comum”.

No bloco “Julgar” houve a participação de Cardeal Michael Czerny, presidente do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, que fez um discurso em torno da segunda parte da Laudato Si’, a nova exortação apostólica já anunciada pelo Papa Francisco, a ser publicada no dia 4 de outubro.

O Card. Czerny convidou o público a “preparar-se” para receber este documento: “Que questões surgiram durante este período e são significativamente perigosas e urgentes? Qual é o nosso papel? Não são problemas dos outros, são problemas nossos”, disse ele, perguntando também a cada um: “O que podemos e devemos fazer a respeito?”.

Recordando as palavras do Papa Francisco, incentivou os presentes a deixar “um mundo belo e habitável” para as gerações futuras e ajudar na “promulgação, aceitação e implementação do novo suplemento” à encíclica. Por fim, disse: “Não há dúvida de que a urgência é máxima. Pedimos ao Senhor o dom do Espírito Santo para acolher os desafios e caminhar juntos na cura da nossa casa comum”.

Em seguida foi a vez das apresentações de Dom Adalberto Jiménez, bispo de Aguarico e presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica do Equador, que falou sobre “A energia como dádiva do coração da Amazônia”; e de Jocabede Solano, representante do povo gunadule no Panamá, cuja apresentação foi sobre “Os povos indígenas na tomada de decisões para uma transição energética justa”.

Finalmente, no bloco “Agir”, Paz Araya Jeffré, pesquisadora do Chile, discorreu sobre “Do que falamos quando discutimos uma transição energética justa?”; José Oscar Henao, representante da Cáritas América Latina e Caribe, apresentou seu tema “A crise climática e a transição energética: desafios e oportunidades de novas economias e bens comuns”; e Beverly Keene, representante da Aliança Global CONVIDA20, falou sobre “Soberania financeira para uma transição justa”.

Para encerrar, houve um bloco de “ecos e ressonâncias” e outro de “propostas finais” em que foram desenvolvidas as conclusões da reunião e os passos a seguir, rezando para que “a voz contundente dos palestrantes chegue à COP 28 e a todas as instâncias de poder que tomam decisões transcendentais que envolvem a vida em todas as suas formas”.

Sulman Hincapié Rojas, da Aliança Global CONVIDA20, e Alirio Cáceres Aguirre, Assistente de Mobilização do Movimento Laudato Si’, foram os moderadores. Para mais informações e para se aprofundar no conteúdo do evento, visite este link.