Rezando pela Mãe Terra
Abril – 2022
Intenção mensal 

“Esta contemplação da criação permite-nos descobrir qualquer ensinamento que Deus nos quer transmitir através de cada coisa, porque, ‘para o crente, contemplar a criação significa também escutar uma mensagem, ouvir uma voz paradoxal e silenciosa’.” (LS 85)

Quão Grande És Tu

Senhor meu Deus, quando eu, maravilhado
Fico a pensar nas obras de Tuas mãos
O céu azul estrelas pontilhado
O Teu poder mostrando a criação

Então minh’alma canta a Ti, Senhor
Quão grande és Tu! Quão grande és Tu!
Então minh’alma canta a Ti, Senhor:
Quão grande és Tu! Quão grande és Tu!

Quando a vagar nas matas e florestas
O passaredo alegre ouço a cantar
Olhando os montes, vales e campinas
Em tudo vejo o Teu poder sem par

Quando medito em Teu amor tão grande
Teu filho dando ao mundo pra salvar
Na cruz vertendo o Seu precioso sangue
Minha alma pode assim purificar

Quando enfim Jesus vier em glória
E ao lar celeste então nos transportar
Te adorarei, prostrado e para sempre
“Quão grande és tu, meu Deus” hei de cantar

Com fé no Cristo Ressuscitado, ouvimos Deus na criação

Por Christopher J.A. Coutinho
Animador Laudato Si’, Nairóbi, Quênia

Christopher J.A. Coutinho

Logo após meus exames do último ano do ensino médio, fui abençoado com o privilégio de fazer uma caminhada para escalar o Monte Quênia. Aos 18 anos, aquela foi uma experiência muito emocionante para mim.

Nascido e criado em Nairóbi, que fica a apenas 140 quilômetros ao sul do Monte Quênia, eu nunca havia visitado aquela área antes. No ensino médio, aprendi sobre a magnificência da segunda montanha mais alta da África, com sua bela diversidade de flora e fauna. A caminhada ofereceria a experiência de tudo o que eu havia aprendido, “na vida real”.

A maior emoção para mim, no entanto, seria meu primeiro encontro com a neve e as geleiras! Eu nunca tinha experimentado esses fenômenos antes. A ideia paradoxal de picos de montanhas cobertos de neve, a uma curta distância ao sul do equador, era uma coisa que eu, embora acreditasse ou “soubesse” ser verdade, queria experimentar de fato e ver com meus próprios olhos.

Nesse aspecto, eu era semelhante aos discípulos Pedro e João, que, ao ouvirem de Maria Madalena que o corpo de Jesus não estava no túmulo e ainda não “conhecessem” a verdade das Escrituras, foram compelidos a ver com seus próprios olhos se o corpo de Jesus realmente estava desaparecido.

O que eles iriam testemunhar era um paradoxo – um túmulo vazio sem o corpo de Jesus, mas com seus panos funerários perfeitamente intactos.

Este é o evento, a ressurreição de Jesus dentre os mortos, que é central para nossa fé.

“Então, entrou também o discípulo que havia chegado primeiro ao sepulcro. Viu e creu. Em verdade, ainda não haviam entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dentre os mortos.” (João 20, 8-9)

É realmente nossa convicção em Jesus Cristo, que morreu na cruz para nos salvar de nossos pecados, ressuscitou e está sentado à direita do Pai, criador do céu e da terra, que nos permite ouvir Deus na criação. Observe como o Papa Francisco é específico de que é “o crente” que contempla a criação.

Minha subida final para chegar a Point Lenana, o terceiro pico mais alto do Monte Quênia, a 4.985 metros, começou nas primeiras horas da manhã, quando ainda estava escuro. Não exigiu nenhum conhecimento técnico nem equipamento, mas não foi uma subida fácil.

Lembro-me particularmente de um trecho íngreme, cheio de cascalho solto. De vez em quando, eu subia um degrau para logo em seguida descer dois! No final das contas, porém, fui recompensado.

Dando meus primeiros passos na neve e no gelo, finalmente cheguei ao cume, a tempo de aproveitar o nascer do sol da manhã. Sentado no topo daquele pico de montanha cheio de neve, olhando para a vasta extensão da terra abaixo, havia uma majestade no silêncio que me envolvia. Era Deus falando comigo.

Frades franciscanos capuchinhos agindo na ‘urgência de fazer mais’
Ouvindo o Clamor da Criação

Ir. Emmanuel Kamrata Ndata, OFM
Capuchinho, integrante do Círculo S. Judas

Nos subúrbios da cidade de Nairóbi fica o distrito de Waruku, uma área residencial situada em Kangemi, com uma população de mais de 5.000 pessoas. Waruku foi estabelecida em 1966 por ex-empregados de funcionários coloniais. Eram principalmente trabalhadores domésticos e seguranças que tinham acabado de deixar o serviço e estavam em trânsito para casa, enquanto outros procuravam outros empregos.

Alguns desses moradores iniciais não puderam voltar para suas casas devido ao medo de retaliação pelos serviços prestados ao governo colonial. Eles eram vistos como pessoas que haviam cooperado na opressão da população nativa. Outros foram deixados de fora da divisão de terra em suas áreas anteriores e, portanto, procuraram se estabelecer em qualquer lugar que pudessem.

Ao longo dos anos, os moradores de Waruku vêm passando por uma grave escassez de alimentos e necessidades básicas. Em caso de inadimplência dos aluguéis em atraso, vários moradores são despejados e obrigados a passar frio à noite, cobrindo-se com folhas de polietileno.

Nas primeiras horas da manhã, arrumam seus pertences para evitar serem identificados. A pandemia do COVID-19 interrompeu quase tudo. Os grupos vulneráveis, como deficientes físicos, as crianças das favelas, doentes terminais, não tinham acesso a coisas básicas como comida e água potável.

Como Frades Franciscanos Capuchinhos, queríamos impactar vidas e tornar a sociedade um lugar melhor para se viver, especialmente na nossa vizinhança de Waruku. Sentimos o desejo de fazer mais, salvando as vidas dos membros mais vulneráveis ​​da sociedade.

Algumas pessoas da comunidade sofrem de doenças mortais e incuráveis ​​que as impedem de trabalhar para ter uma renda desejável. Infelizmente, sua vida social também é interrompida. Todo mês, fazemos parcerias com diferentes organizações que doam alimentos, roupas e outros itens para ajudar essa comunidade. Foi uma experiência gratificante para mim como 

Exorto outras pessoas de boa vontade a mostrarem empatia pelos mais vulneráveis ​​e pobres em suas próprias comunidades durante este período perigoso.

‘As montanhas são lembretes da majestosa criação de Deus’
Ouvindo a Canção da Criação

Zenetta Lyn Jansen
Animadora Laudato Si’, Líder do Capítulo na África do Sul

A montanha Table Mountain se estende como se fosse uma grande mesa em toda a cidade da Cidade do Cabo, na África do Sul. Pode ser vista de quase todas as partes daquela cidade uma massa de terra imóvel, conspícua e grandiosa.

Ela faz parte do Parque Nacional Table Mountain, que foi reconhecido em 2012 como uma das Novas 7 Maravilhas da Natureza e conta com o status de patrimônio da UNESCO. A rica biodiversidade da montanha abriga aproximadamente 2.000 espécies diferentes, incluindo um grande número de espécies de plantas, e uma variedade de fauna e flora.

As montanhas são muitas vezes referenciadas nas Sagradas Escrituras como lugares de solidão e ou onde ocorrem encontros com Deus. Em Êxodo 24, 12-18, “Moisés subiu ao … Monte Sinai”, onde teve um encontro com o Senhor por 40 dias e noites. Ele desceu daquele encontro na montanha com as tábuas onde estavam inscritos os 10 Mandamentos.

Jesus muitas vezes ia sozinho para lugares tranquilos ou a uma montanha para orar e estar com Deus. Em Lucas 9, 28, ele foi transfigurado no topo de uma montanha para onde levou três de seus discípulos Pedro, Tiago e João para orar. 

Silenciosas e impressionantes, as montanhas são lembretes da majestosa criação de Deus.

A interação com a criação é refrigério para minha alma
História de conversão ecológica

Steeven Kezamutima
Coordenador de Programas do Movimento Laudato Si’, África Francófona

Tendo em mente e no coração que a natureza faz parte da nossa vida, construir relações com a criação é a melhor tradição para todas as gerações.

A Mãe Terra me pergunta e meu coração me acusa: em que pontos fecho meus olhos e ouvidos justamente no momento em que precisamos ver, julgar e agir?

Nos grotões da minha aldeia, cresci vendo montanhas cobertas por várias espécies de árvores e terras férteis cobertas por plantações verdes. Mas um dia enfrentamos a guerra e fugi com meus irmãos e pais procurando refúgio na floresta.

Os criminosos sabiam que as pessoas sempre procuravam se esconder no mato e na floresta, então fizeram questão de cortar e queimar todas as florestas antes do início dos assassinatos.

Quando estávamos buscando onde nos esconder, vimos todos os animais selvagens correndo desesperadamente em busca de refúgio.

A partir daquele dia percebi que a criação sofre da mesma forma que os seres humanos. Talvez nossas vozes sejam mais altas que a dela quando estamos chorando. Percebi que estamos todos conectados: seres humanos, natureza, a paz, o meio ambiente e a segurança, e a partir daí recebi a motivação de que precisava para passar pela minha conversão ecológica.

Neste momento da Quaresma, sempre me questiono: Quantas vezes interajo com a criação? Quantas vezes invisto na criação? E quantas vezes confessei ter prejudicado minha amada Mãe Terra?

Na minha vida diária, sempre admiro a presença de Jesus Cristo na criação. Meu tempo de contato com a vida verde me transformou para que eu viva uma vida limpa.

Aquele canto embaixo das árvores tem sido meu lugar de meditação, paz e reconciliação. Cultivando árvores, eu me reconecto com meu Criador e meus irmãos e irmãs, e rezar em meio à criação tornou-se uma tradição para que eu possa criar um lar de paz e conforto.

E sempre que estou debaixo de uma árvore, me reconecto com a mistura de dor e amor de Jesus Cristo, que se sacrificou e aceitou ser crucificado por nossos pecados.

Quando os soldados traspassaram o lado de Jesus Cristo (João 19, 34), saiu sangue e água para a salvação da humanidade, e aqui me refiro a isso como os frutos que caem das árvores para alimentar milhões de vidas.

Você pode se juntar a mim para jejuar e investir no crescimento de árvores? Pode se juntar a mim em oração pela paz nos corações e mentes das pessoas? Pode se juntar a mim para dar esperança às gerações futuras? Aqui vamos nós.

Santa Catarina de Sena, Doutora da Igreja 
Dia festivo: 29 de abril
Santa inspiradora

Patrick Laorden
Consultor Teológico do Movimento Laudato Si’

Patrick Laorden

Santa Catarina de Sena é Doutora da Igreja e era leiga dominicana. Caçula de 25 filhos, ainda jovem ela consagrou sua virgindade a Cristo. Foi considerada mística por suas visões e experiências. Também era conhecida por seu ascetismo.

Ela experimentou uma união espiritual esponsal com Cristo na casa dos seus 20 anos, e se sentiu chamada a servir os doentes e pobres. Ao longo de seu ministério, atraiu um número crescente de discípulos. Seu apostolado nasceu de sua vida contemplativa.

Embora fosse analfabeta, ela ditou muitas cartas que consistiam em instrução espiritual e encorajamento para seus seguidores. Santa Catarina também defendeu a cruzada contra os turcos e a paz entre o Papa e Florença.

É difícil caracterizar a espiritualidade de Santa Catarina, pois ela não é muito sistemática. No entanto, podemos tirar muito proveito de seus escritos com base nos temas que ela explorou. Um tema-chave encontrado em seus escritos é que o conhecimento seria o primeiro passo para o amor. Santa Catarina escreve em “O Diálogo”: “Isso ela faz porque o conhecimento deve preceder o amor, e somente após alcançar o amor ela pode se esforçar por seguir a verdade e com ela se vestir”.

Conhecer a nós mesmos é nos ver em relação com Deus. Ao nos conhecermos por meio de Deus, encontramos o amor profundo do qual bebemos para dá-lo ao mundo. O Papa Francisco fala do amor na Laudato Si’:

“O amor, cheio de pequenos gestos de cuidado mútuo, é também civil e político, manifestando-se em todas as ações que procuram construir um mundo melhor.” (LS 231)

O conhecimento nos leva a aprofundar nosso relacionamento com Deus. Deus, a essência do amor, é o amor que somos chamados a dar ao mundo. Isso nos chama a participar da sociedade, a encontrar Deus em meio a nossos irmãos e irmãs. Expressar o amor através de pequenos gestos na vida da sociedade para a melhoria dos outros é seguir os passos de Santa Catarina.

Animando a comunidade: Torne-se um Animador Laudato Si’ e lidere sua comunidade
Círculos Laudato Si’

Abacates da fazenda Laudato Si’ de Peter Kimeu

Como animador Laudato Si’ certificado e Líder de Círculo Laudato Si’, Peter Kimeu prometeu inscrever pelo menos 100 novos animadores Laudato Si’ no novo curso de formação de Animadores Laudato Si’ nesta primavera. Até agora, ele conseguiu matricular 41 e continua encabeçando uma campanha de recrutamento para atingir sua meta.

Através do Círculo Laudato Si’ que ele orienta, Kimeu agora embarcou num projeto de restauração da natureza e restauração de meios de subsistência em sua comunidade. Ele trabalha com sua paróquia para garantir mudas de frutas e as distribui aos agricultores locais para plantio.

Tambén abriu um centro de treinamento local para que sua comunidade aprenda maneiras aprimoradas de utilizar suas fazendas para maximizar os rendimentos, reduzindo, assim, os bolsões de pobreza dentro da comunidade.